quarta-feira, 16 de junho de 2010

CULTURA DO GERGELIM



Introdução

O gergelim, Sesamum indicum L., é uma cultura cujas evidencias de sua prática datam do início da civilização. Possivelmente, seja originária da Índia e da região em que onde hoje é o Paquistão. Em escavações realizadas em sítios da civilização hindu foi encontrado gergelim em estratos atribuídos a 3050-3500 a.C. As evidências de cultivos desses tempos indicam que a extração do óleo era a principal atividade.

O gergelim é planta adaptada aos climas tropical e subtropical, com temperaturas médias elevadas, 25-30.oC, e tolerância a períodos relativos de seca. É uma opção interessante como cultura secundária, sucedendo à cultura principal, em plantios de janeiro a março.

No Brasil, a produção oscila entre 3.000 e 5.000 toneladas anuais, concentrada nos Estados de Mato Grosso e Goiás, consumida pela indústria alimentícia do Estado de São Paulo.

A utilização principal é “in natura”, e compondo os produtos da indústria alimentícia e de panificação. A semente possuí 50-60% de óleo, 20% de proteínas , 18% de carbohidratos, 5% de fibras e cálcio, fósforo, ferro, potássio, sódio, magnésio e enxofre. Após a extração do óleo o farelo ou farinha, possui cerca de 40% de proteínas. O óleo tem alta porcentagem de ácido graxo oléico. Portanto, é um alimento rico em proteínas e sais minerais.



Cultivares Comerciais

IAC-OURO

O germoplasma que deu origem ao cultivar foi a introdução I-51964, de 1977, procedente dos Estados Unidos, da qual foram selecionadas linhagens que passaram por vários ciclos de seleção massal. A seleção foi dirigida para obtenção de alto potencial produtivo.

As características principaís são hábito de crescimento ereto, ramificado, com dois a quatro ramos inseridos na haste principal a 30 cm do solo; altura de 120 a 150 cm; haste verde, pubescente durante o ciclo e dourada na maturação, com 25 internódios; folha é pubescente, verde-amarelada durante o ciclo e amarelo-esverdeada e senescente na maturação; flor, pilosa, levemente arroxeada, interior branco; o fruto é uma cápsula verde, retangular, pubescente, com cerca de 60 sementes. Na maturação, abre-se pelas suturas longitudinais, soltando as sementes, mudando a cor do amarelo para o marron. O número de frutos por axila é de 1 a 3, em geral 3; a semente tem coloração creme tendendo a branca, podendo a tonalidade variar com as diferenças ambientais de secagem.

A variedade é extremamente uniforme na maturação, sendo o início do processo marcado pelo amarelecimento e queda das folhas. Os frutos basais têm a coloração transformada do verde para o amarelo, ocorrendo progressivamente da base para o ápice da planta, possibilitando intervalo relativamente longo para a colheita, evitando perdas pela deiscência dos frutos quando maduros. O peso de 1.000 sementes é de 3,3 g e o teor de óleo na semente é de 52%. O variedade tem potencial de produtividade na faixa de 1.000 a 1.500 kg/ha. Está em distribuição comercial desde 1983.

TÉCNICA DE CULTIVO



SOLO- requer solos férteis, profundos, bem drenados, evitando-se os que se encharcam. Embora vegete bem em diversos tipos de solos, preferencialmente os solos leves facilitam o desenvolvimento do sistema radicular e, em consequência, o melhor desenvolvimento da planta.

O preparo do solo deve ser cuidadoso, com aração e gradeação antes do plantio, evitando os torrões, pois a semente é pequena, preferindo um leito uniforme para boa germinação

ÉPOCA DE PLANTIO- no Estado de São Paulo e região Sudeste e Centro-Oeste, pode ser plantado no período de outubro a novembro e de janeiro a fevereiro. Como tem boa tolerância à seca, recomenda-se sua utilização na “safrinha”, como cultura secundária, sendo boa opção.

ESPAÇAMENTO- o IAC-Ouro é cultivar de porte baixo, utilizando-se o espaçamento de 50-60 cm entre as linhas e densidade 20-25 sementes/m, sem desbaste posterior, com utilização de 2,5-3kg de sementes por há.

SEMEADURA- pode ser manual ou mecânica, neste caso, preferindo semeadeiras em que não haja discoem movimento, apenas mecanismo de encaminhamento da semente. A profundidade deve ser de 2-3 cm.

ADUBAÇÃO E CALAGEM- deve ser feita de acordo com a análise química do solo. O calcário deve ser aplicado para elevar a saturação de bases a 70% e o teor de magnésio a um mínimo de 5mmolc/dm3. A adubação mineral deve ser nas quantidades recomendadas na tabela seguinte:




CULTIVO- deve ser mantida livre de ervas daninhas nos primeiros quarenta dias do ciclo, quando é mais sensível à concorrência. No final desse período há o início do florescimento, que se estenderá pelos próximos 60-70 dias, concomitantemente com a frutificação.

COLHEITA- o fruto do gergelim, é cápsula deiscente, isto é, abre-se com a secagem liberando as sementes. A colheita deve ser feita antes de ocorrer a secagem no campo. Para o IAC-Ouro a época de colheita ocorre ao redor de 95 dias da germinação, quando há o amarelecimento das plantas e queda das folhas, indicativo da colheita. A colheita manual é feita por etapas:

1. Corte das plantas, na base da haste;
2. Secagem em terreiro ou protegida para evitar perdas;
3. Trilha e limpeza da sementes;
4. Embalagem e armazenamento.

IAC-CHINA

Ciclo vegetativo de 125-135 dias, sendo rústico em relação ao solo e ao clima, porte ereto, plantas com ramificação e altura média de 180cm. As sementes tem coloração creme e peso de 1.000 sementes de 4,3 g, consideradas de tamanho grande pela indústria de panificação e doces, com grande aceitação. A produtividade fica na faixa de 800 a 1.500 kg/ha. Em distribuição comercial desde 1994

IAC-GUATEMALA

As plantas tem hábito de crescimento ramificado, altura de 150 a 180 cm, cor verde, hastes e folhas pubescentes e com folhas amarelescentes na maturação. Flores brancas arroxeadas. Os frutos possuem cerca de 50-80 sementes. Os frutos são semi-deiscentes, proporcionando maior período de colheita com perdas menores. As sementes são cremes, com peso de 1.000 sementes de 3,4 g. A produtividade média obtida nos experimentos de avaliação esteve na faixa de 1.000 a 1.500 kg/ha. Está em distribuição comercial desde 1995.



Técnico Responsável

Eng.o Agr.o Angelo Savy Filho
Centro de Grãos e Fibras/Oleaginosas
Av. Barão de Itapura, 1481. Cx. Postal 28.
13001-970. Campinas. SP.
Tel.: 19/3241-5188 Fax.: 19/9242-3602
E-mail: savy@iac.sp.gov.br

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